Ainda era possível sentir a roupa elegante de festa sobre a pele. Toda aquela fumaça ainda tocava seu peito e paralisava sua respiração, as imagens daquela noite não saiam de sua cabeça, assim como a batida eletrônica que teimava em permanecer em seus ouvidos.
Cabelos soltos, olhos parados e sem vida, como os de uma zumbi. A garota lembrava-se de um beijo, um pecado e uma traição, sentia o gosto amargo do arrependimento correndo sobre a sua garganta. Detestava se sentir assim, odiava a si mesma, odiava suas atitudes, odiava seu orgulho hostil.
Com as pálpebras apertadas a garota se arrependia de cada palavra dita naquela noite. A música parou de soar em seus ouvidos, um olhar foi lançado contra ela em sua própria memória. A garota finalmente se sentiu orgulhosa quando terminou de cumprir seu objetivo, o último ato digno de sua vida. Um pouco de dor, mais nada que fosse impossível de aguentar,afinal só ia durar poucos segundos. O sangue espalhou-se pelo chão e ao lado do corpo imóvel, ele eternizou a juventude da garota.
A.


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