everyone would like a Neverland

Olhos perdidos na escuridão sombria da noite. Coração vazio e alma também. Olhos vermelhos e inchados de tanto chorar. Lágrimas que pararam de rolar à muito tempo, e, vencida pelo cansaço, a tristeza de transformou em total melancolia.
As nuvens escondiam a beleza radiante da lua. Assim como um sorriso, escondeu por muito tempo as lágrimas que jorraram naquele peito. Um sorriso discreto, forçado e repetido várias vezes. Um sorriso que era acompanhado de muitas horas de tortura perante o espelho. "Você é feliz, você é feliz" - repetia a garota na tentativa de se enganar com mais uma de suas mentiras.
Ela dizia ter tudo o que qualquer garota de sua idade sonhava. Garotos, atenção, uma família descente e um pouco de carinho. Algo que no fundo não era tão mentiroso assim. Afinal, seus pais a amavam; ela tinha atenção por onde passava e os garotos nunca foram um problema para ela. Porém ela não desejava mais o que as outras garotas desejavam.
Ela queria alguém que a compreendesse, alguém que naquela noite se dispusesse a secar suas lágrimas, alguém com quem gostaria de compartilhar seu silêncio. Um amigo, um amor, um estranho, alguém da família. Não importava com quem, ela apenas queria saber o que seria a felicidade. Já que para ela, a felicidade estava nos gestos. Gestos que sempre foram bem mais simples do que as palavras.
Sua mãe a amava por que era obrigada a amar. Seu pai a amou um dia, mas um amor baseado em mentiras não poderia durar. Seus amigos estavam longe, afinal eles sempre estavam. Cada qual cuidando de sua própria vida, cada qual desejando sua própria felicidade.
Ela só não conseguia entender o por que de tudo aquilo. O mundo parecia ser tão encantador quando criança. Sempre rodeado de gente, sempre sendo amparada por alguém. Então cresceu e ''amadureceu''. Já era velha de mais para ser feliz. :/
Quem sabe, a maturidade seja o momento em que ela estaria preparada para chorar sozinha, secar suas próprias lágrimas e conseguir se levantar se o apoio de ninguém. Se for isso, então, ela desejaria não ter crescido jamais.
A.