Por um instante acreditei que tudo poderia ser diferente. Por alguns minutos cheguei a pensar que me veria livre enfim, daquela máscara. Uma máscara de ferro, que sufoca e causa dor. Uma máscara brilhante que transmite confiança e auto suficiência. Dois lados, mesma face. Aos poucos a dor se torna suportável e a ideia de serenidade se torna confortável. Aos poucos seu coração também deve ser encapado com uma armadura de ferro. Algo duro e impenetrável para que não sofra danos ao decorrer da guerra. Então é a vez da mente, que protegida por uma armadura bola os planos mais geniais. Aos poucos, porém toda a lata se funde ao homem. Todo o corpo se transforma em aço, todo o peito permanece estático. A mente se torna mais e mais perversa. O domínio sobre a armadura se torna quase que perfeito, as lágrimas, o sofrimento e o sorriso sarcástico no final.

Aos poucos, a vida se transforma em uma batalha, aos poucos as guerras se tornam fáceis de mais e a sede por sangue aumenta. A armadura digere o homem; o aço se torna opaco, o brilho já não encanta, mas a resistência tende a aumentar. É neste momento, então, que o corpo se desliga da alma e o homem por de trás da máscara morre. Percebo agora que com minha verdadeira face morta foi mais fácil fazer a mente trabalhar.

A.